Essa semana eu peguei um taxi,
por coincidência o motorista era um conhecido, pai de consideração de uma amiga
minha. Percebi que ele estava com um
sorriso safado no rosto, e quando olhei o banco traseiro, para lá depositar
minha bolsa, entendi o motivo dele se encontrar com cara de quem tinha acabado
de sair de um cine prive, o banco tinha
uma mancha de gozo.
Conversa vai, conversa vinha, ele
me revelou o que suspeitava, um casal realmente acabara de trepar no banco
traseiro e não se importavam dele assistir tudo pelo espelho retrovisor.
Instantaneamente parei pra pensar, as pessoas não se importam muito com a
presença do taxista quando desejam fazer algo.
Nesse instante contei, na verdade tentei contar, quantas vezes havia
trocado de roupa no carro enquanto o taxista me levava e trazia de algum lugar.
Não fiquei grilada por um desconhecido ter me visto de peças intimas, nunca
mais veria aquele homem, além do mais ele estava sendo pago para dirigir e não
para reparar na falta de curvas do meu corpo magro.
Foi aí que caiu a fixa. Quem se
importa com o que o motorista de taxi acha ou deixa de achar? Na verdade quase
ninguém, serio. Eu me sinto tão a
vontade para falar qualquer coisa com eles, principalmente as sacanagens que
não me permito falar no meu meio social;
fora as inúmeras propostas indecentes eles acabam recebendo de garotas frustradas
que estão na seca e querem uma rapidinha sem compromisso. Perguntei então, ao pai da minha amiga que
naquele momento me levava do Shopping
Salvador até a faculdade, o porque de aceitar boa parte das propostas, ‘’Vocês
esquecem que enquanto fazem o que querem o meu taxímetro está ligado’’ ele me
respondeu. Boa e inquestionável
resposta, o taxímetro está ligado e colocado na bandeira 2 quando começam as
orgias.
Não podemos negar, também, que é
tentadora a vontade que nos dá de confidenciar segredos a pessoa que,
provavelmente, nunca mais veremos. È melhor que psicólogo, avalie a minha
logica: você paga pelo serviço do transporte e ganha de brinde uma consulta ao
psicólogo, e o melhor de tudo é que além de ser mais barato é muito mais
verdadeiro, um profissional da loucura
não vai lhe dar uma solução real, apenas
vai lhe confundir para você pagar uma segunda consulta; enquanto o cara por de
tras do volante, supostamente, vai
tentar lhe dar uma solução para o seu problema.
Pronto, está constatado: Os
taxista são multi-uso. Lhe fornecem um psicólogo, um motel, e muitas vezes até
um garoto de programa. Ah! Quase ia esquecendo, eles também te levam a qualquer
lugar que você possa pagar. Já que eles
nos servem tão bem, vamos deixar uma gorjeta em vez de apenas segredos.
Gostei do texto. Alguns cortes ficaria perfeito. Às vezes temos que deixar um trabalhinho para o leitor, mas o texto demonstra um bom olhar de escritor, aquele que esquadrinha situações cotidianas e delas apresenta verdades sobre nós humanos.
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