quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Taxista e nós


 
Essa semana eu peguei um taxi, por coincidência o motorista era um conhecido, pai de consideração de uma amiga minha.  Percebi que ele estava com um sorriso safado no rosto, e quando olhei o banco traseiro, para lá depositar minha bolsa, entendi o motivo dele se encontrar com cara de quem tinha acabado de sair de um cine prive,  o banco tinha uma mancha de gozo.

Conversa vai, conversa vinha, ele me revelou o que suspeitava, um casal realmente acabara de trepar no banco traseiro e não se importavam dele assistir tudo pelo espelho retrovisor. Instantaneamente parei pra pensar, as pessoas não se importam muito com a presença do taxista quando desejam fazer algo.  Nesse instante contei, na verdade tentei contar, quantas vezes havia trocado de roupa no carro enquanto o taxista me levava e trazia de algum lugar. Não fiquei grilada por um desconhecido ter me visto de peças intimas, nunca mais veria aquele homem, além do mais ele estava sendo pago para dirigir e não para reparar na falta de curvas do meu corpo magro.

Foi aí que caiu a fixa. Quem se importa com o que o motorista de taxi acha ou deixa de achar? Na verdade quase ninguém, serio.  Eu me sinto tão a vontade para falar qualquer coisa com eles, principalmente as sacanagens que não  me permito falar no meu meio social; fora as inúmeras propostas indecentes eles acabam recebendo de garotas frustradas que estão na seca e querem uma rapidinha sem compromisso.  Perguntei então, ao pai da minha amiga que naquele momento me levava  do Shopping Salvador até a faculdade, o porque de aceitar boa parte das propostas, ‘’Vocês esquecem que enquanto fazem o que querem o meu taxímetro está ligado’’ ele me respondeu.  Boa e inquestionável resposta, o taxímetro está ligado e colocado na bandeira 2 quando começam as orgias.

Não podemos negar, também, que é tentadora a vontade que nos dá de confidenciar segredos a pessoa que, provavelmente, nunca mais veremos. È melhor que psicólogo, avalie a minha logica: você paga pelo serviço do transporte e ganha de brinde uma consulta ao psicólogo, e o melhor de tudo é que além de ser mais barato é muito mais verdadeiro,  um profissional da loucura não vai lhe dar uma solução  real, apenas vai lhe confundir para você pagar uma segunda consulta; enquanto o cara por de tras do volante, supostamente,  vai tentar lhe dar uma solução para o seu problema.

Pronto, está constatado: Os taxista são multi-uso. Lhe fornecem um psicólogo, um motel, e muitas vezes até um garoto de programa. Ah! Quase ia esquecendo, eles também te levam a qualquer lugar que você possa pagar.  Já que eles nos servem tão bem, vamos deixar uma gorjeta em vez de apenas segredos.

Um comentário:

  1. Gostei do texto. Alguns cortes ficaria perfeito. Às vezes temos que deixar um trabalhinho para o leitor, mas o texto demonstra um bom olhar de escritor, aquele que esquadrinha situações cotidianas e delas apresenta verdades sobre nós humanos.

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