Sei que perdemos a noção da hora,
mas estávamos arrumando nossas malas, deixando aquele apartamento em que
vivemos os momentos mais lindo no nossos
11 anos de casamento. Juntos estávamos
jogando muitas coisas fora, que lembravam o nosso passado, tantas
recordações, fotos nas quais sorriamos
abraçados. Definitivamente não sei como vou embora. Não sei como vou deixa-lo, 11 anos não são 11
dias. Ele diz que eu não percebi que o
nosso casamento está acabado, mas como eu posso ver uma coisa que não existe?
Quando o conheci eu soube que ele
era o homem da minha vida, depois de dois anos amando-o em silencio ele me
beijou, nesse momento que dei para sonhar, fazer meus desvarios, unicamente pelo fato dele ser o meu príncipe
encantado. Quando dei por mim já tinha
rompido com o mundo, e começado a viver para esse amor, para o meu amor.
Mudei-me para uma ilha e queimei o navio que me possibilitaria voltar. Por isso não consigo me imaginar indo embora.
Me doí arrumar as malas para
partir. Fico dilacerada ao ver que o paletó dele esta enlaçando o meu vestido e
que meu sapato ainda pisa o dele, lagrimas brotam nos meu olhos, pois me
recordo de quando dançávamos, e eu tomada em seus braços, pisando nos seus pés para roubar-lhe um
beijo. Quando chegávamos em casa amávamos
como dois pagãos, ainda consigo sentir as mãos dele em meus seios, nossos
corpos colados, minha boca passeando por toda a sua pele branca de pelos
morenos. Ah, como éramos obscenos no
nosso ato de amar.
Ofegávamos, quando possuíamos uma
ao outro, na desordem das noites o mundo era eterno e quando acabávamos eu me recostava sobre seu
peito másculo e nos entrelaçávamos,
chegando a confundir as nossas penas. E é com essas pernas com que eu
devo seguir, mas não sei se consigo fazer.
Em mais uma inútil tentativa digo
para ele não ir, ele me pede para deixar de me fazer de tonta, grito que
durante esses 11 anos dei meus olhos, minha vida pra ele tomar
conta, e peço que ele não parta e não me
deixe partir. Só que ele não me deu
ouvidos, partiu sem olhar pra trás.
Inspirado na musica ‘’Eu te amo’’
do compositor Chico Buarque de Yolanda
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