Me encarava no espelho sem saber o porque havia
aceitado aquele convite. A alguns dias atrás tinha deixado claro que não iria acontecer uma reconciliação.
Apliquei um pouco mais de pó compacto para esconder a vermelhidão que ainda
manchava meu rosto e fui até o PUB que costumávamos nos encontrar.
Ele não havia chegado, ainda faltavam 15 minutos para o
horário que marcamos. Pedi uma tequila, precisava de álcool correndo nas minhas
veias para encara-lo novamente. Não demorou muito ele chegou, com aquele
sorriso galanteador, trazia um lírio laranja em uma das mãos; se aproximou da mesa
e esperou que me levantasse para cumprimentá-lo, o que não fiz, obrigando-o a
sentar a contragosto.
-Você já foi mais educada, Dandara.- Caio reclamou, ainda assim me estendendo o
lírio laranja.
- Estou me perguntando o porquê aceitei te encontrar.
Não há mais nada entre nós.- dei um gole na minha tequila, fazendo careta.
-Desde quando você bebe?- Ele questionou, não
respondi, apenas ri e voltei a minha atenção ao copo que estava quase vazio.
Devido ao meu silencio, Caio suspirou e continuou – Estou sentindo a sua falta.
Meu coração me diz que se eu ficar sem você não vou poder ser feliz.- O
comentário dele me fez rir, sarcástica.
- Já o meu, fala o contrario.
-A culpa não foi minha, você que se meteu na frente de
Isaac, aquele tapa não era para você.- Tinha lamento na voz dele, entretanto,
eu não iria me deixar enganar por ele mais uma vez.
Não importava se ele teve ou não o intuito de me
bater, mas ele o fez, meu rosto ainda
estava avermelhado. Se eu voltasse para ele estaria aceitando a agressão, e isso
não iria ocorrer.
-Caio, entenda, Não é só por que você me bateu, é por
tudo, nós não damos certo. Quantas vezes já brigamos? Quantas vezes nos
deixamos? Nossos amigos nem levam mais a serio nossas separações, me dizem que
não dão menos de uma semana para fazermos as pazes, mas eu não quero mais, já
está cansativo pra mim. – Mantinha-me controlada, mas tinha vontade de gritar,
de chorar, de fugir dali.
-Dandara, eu te amo... – Era assim que eu sempre
acabava cedendo, quando ele dizia que me amava, só que dessa vez as coisas eram
diferentes, não iria aceita-lo novamente em minha vida.
- Não Caio, você não me ama, eu também não te amo,
agora consigo entender. É apenas desejo mutuo. Quando brigamos, você vem até
mim, eu te odeio, seus braços me agarram, a gente se beija. Definitivamente
isso não amor. O melhor é você me esquecer. Já começamos a nos agredir
fisicamente, se continuarmos nesse ritmo vamos matar um ao outro. – Ele deu um
tapa na mesa.
- Por que você insiste em falar daquele tapa como se
eu tivesse lhe agredido? Foi só um tapa, um acidente, ninguém mandou você se
por na frente daquele desgraçado. Agora
você se refere a isso como se eu fosse lhe espancar até a morte na
próxima briga. – Caio gritava, as pessoas das mesas ao redor nos olhavam.
Na minha cabeça veio um flash back da cena. ‘’Eu e Isaac dançávamos, Caio apareceu,
ciumento, e nos separou, empurrou o meu amigo e em seguida lhe deu um soco que
o fez cair no chão, do canto de sua boca
brotava um filete de sangue, cambaleando o vi tentar levantar, e quando
conseguiu Caio se preparou para desferir um novo golpe, quando dei por mim já
havia tomado a frente de Isaac e recebido a segunda pancada. Um tapa, que não
me fez cair no chão, muito menos me tirado sangue’’
- Você fez por que quis! – Esbravejei, agora conseguia
perceber o que estava omisso, o golpe não foi um acidente, se fosse realmente
intencional eu deveria ter ficado inconsciente no instante seguinte –Você
diminuiu a força do golpe quando eu tomei a frente!
-Da onde você tirou isso? –Caio abaixou o tom,
sentou-se novamente.
-Nem se dá o trabalho de negar – Eu permanecia de pé –
Como eu não percebi isso antes.
-Você merecia uma punição! Sempre abraçada com esse
seu ‘’melhor amigo’’, cheia de risos e flertes, pensa que sou cego? Quando você
se pôs na frente eu te bati sim, para me vingar de você. – Mais uma vez ele se
levantou, se pondo grande sob a minha fragilidade, revelando sua verdadeira
índole.
Apanhei minha bolsa, sem dizer nenhuma palavra
caminhei em direção a porta. Senti-me agarrada por mãos fortes, Caio tentou
mais uma vez o seu tão clichê método de reconciliação. A língua dele tentou
invadir a minha boca, não dei passagem. Usei de toda a força no meu corpo para
escapar do beijo. No momento que ele me soltou
desferi um estalido tapa na face de Caio.
-Nunca mais toque em mim. Eu não quero você e esse seu
ciúme doentio. Que amor é esse que faz tanto mal? –Não esperei a resposta,
caminhei sem olhar para trás.
Realmente, nunca pensei que acabaríamos assim, mas é
isso que acontece quando desde o inicio se percebe que está tudo errado. Agora
só me resta recomeçar, e procurar um novo amor que me faça bem e torcer para
ser o certo.